domingo, 27 de fevereiro de 2011

A MINHA GRAÇA TE BASTA

II Co. 12.7-10


OBJETIVO: Ensinar que a graça de Deus é suficiente em todas as áreas na vida do cristão.


INTRODUÇÃO: Tribulações podem ser espinhos santos para nos curar.


CONTEXTO: Paulo está escrevendo sua segunda carta aos Coríntios e defendendo seu apostolado, uma vez que muitos o atacavam com acusações de que nem mesmo era apóstolo.
Para apresentar as insígnias de apóstolo, Paulo aborda o fato de que teve privilégios especiais no que respeita a revelações e experiências que nem mesmo lhe foi permitido narrar.
Apesar destes grandes privilégios, Paulo tinha algo que o incomodava, algo que ele chama de ‘espinho na carne’.
Pediu a Deus que o removesse, mas a resposta que lhe foi dada foi: ‘Minha graça te basta’.


TRANSIÇÃO: Até onde nossas inquietações nos incomodam a ponto de pedirmos a Deus que no-las tire? Até onde aceitamos o fato de que a graça de Deus nos basta? Quero compartilhar nesta oportunidade sobre o tema: A MINHA GRAÇA TE BASTA.



I – A EXPERIÊNCIA DO SOFRIMENTO É INEVITÁVEL.

a – A origem do mal existencial e do sofrimento.

1. A intenção não é abrir aqui uma digressão filosófica a cerca do mal enquanto personalidade ou força operante, mas apenas apontar o conceito teológico de que a Queda é a grande responsável pela existência de todo tipo de desequilíbrio.

2. As Santas Escrituras apontam para o pecado como o fator gerador da morte e morte em todos os tipos e possibilidades na existência humana.
2.1 – ‘Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram’.

b – Todo ser humano passa pela dor do sofrimento.

1. A partir do nascimento cada ser humano já experimenta a angústia da dor e do sofrimento.

2. É inevitável. Em menor ou menor proporção todos passamos pelo sofrimento.

3. Grandes sofrimentos nem todos experimentam, mas quanto maior for a existência, maiores poderão ser as dores e sofrimentos porque passamos.

c – Possibilidades do ‘espinho na carne’ de Paulo.

1. Tertuliano de Cartago, África (155-222 d.C), o mais vigoroso e intransigente dos primeiros apologista cristão, atribuiu o ‘espinho’ de Paulo a fortes dores de cabeça.

2. João Crisóstomo, que viveu no terceiro século (347-407 d.C) em Antioquia da Síria e Jerônimo, da Dalmácia (342-420 d.C), acreditavam que o ‘espinho’ que maltratava o apóstolo eram também dores de cabeça.

3. Martinho Lutero, o reformador (1483), pensava que o ‘espinho na carne’ do apóstolo era por causa das constantes perseguições, especialmente dos judeus que Paulo tanto amava.
a) Rm 9:3 ‘Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne’.

4. Joseph B. Lightfoot (1828-1889), de Liverpool na Inglaterra, um dos revisores da Bíblia King James Version, uns dos melhores eruditos do século XIX, referia-se ao ‘espinho’ do apostolo Paulo a uma oftalmia, que possivelmente, deveria ser consequência do próprio incidente do Caminho de Damasco.
4.1 – Uma indicação de provável complicação com os olhos:
a) Gl. 4.15 ‘Que aconteceu com a alegria de vocês? Tenho certeza que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a mim’.
b) Gl. 6.11 ‘Vejam com que letras grandes estou lhes escrevendo de próprio punho!’.

5. A palavra original que se traduz por ‘fraqueza’ – ασθενεια (astheneia), tem aplicação física e moral.
5.1 – Para os Teólogos gregos, o ‘espinho’ referido no texto, eram os inimigos de Paulo.
5.2 – Para os Teólogos latinos atrás da metáfora paulina estavam as tentações afeitas ao sexo forte, exercendo pressão na consciência do apostolo.
5.3 – Alas reformistas da igreja norte-americana sustentam de forma aberrante que Paulo poderia ser homossexual.
5.4 – Outros entendiam que nada mais era do que o gênio intempestivo de Paulo, que o feria fazendo sofrer. ‘Quem sabe essa observação é por causa do temperamento colérico de Paulo, que geralmente essas pessoas são autossuficientes, impetuoso, genioso e tem uma tendência á aspereza e até mesmo á crueldade. Ninguém é tão mordaz e sarcástico quanto o colérico. Essa seria uma séria deficiência emocional do colérico’.
5.5 – Outros atribuem o ‘espinho’ a uma epilepsia ou a febre malária que Paulo provavelmente teria contraído nas regiões insalubres da província romana da Ásia.

II – A INACEITÁVEL ANGÚSTIA DO SOFRIMENTO.

a – A reação normal diante do sofrimento é rejeitá-lo.

1. Mesmo havendo quem veja alguma espécie de prazer no sofrimento (próprio ou de outros) como os sádicos ou os masoquistas, tal conduta é sempre vista e entendida como um desequilíbrio e aberração.

2. Qual sua reação natural diante da dor?
2.1 – Se é dor física procurará um remédio ou tratamento.
2.2 – Se é psicológica procurará um psicólogo que o ajude.
2.3 – Se é espiritual procurará o auxílio de Deus.

3. O sofrimento seja ele da espécie que for não é bem vindo à experiência humana; por isso qualquer pessoa em sã consciência diante do sofrimento procura uma maneira de se esquivar do mesmo.

b – A rejeição de Paulo diante do espinho na carne.

1. Com Paulo não poderia ser diferente; pois ao perceber a presença deste ‘espinho na carne’ clamou ao Senhor por três vezes para que o livrasse dessa dor.

2. O apóstolo afirma que por três vezes pediu para que o Senhor o livrasse desse ‘espinho’.
2.1 – II Co. 12.8 ‘Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim’.

III – A SUFICIÊNCIA DA GRAÇA DE DEUS.

a – Propósitos de Deus com o ‘espinho na carne’ de Paulo.

1. Corrigir o orgulho de Paulo.
1.1 – II Co. 12. 7 ‘... para que me não exaltasse pelas excelências das revelações ...’.
1.2 – A extraordinária grandeza da revelação que Paulo esteve exposto poderia gerar nele um espírito soberbo.
1.3 – Todo pecado é egoísmo, o orgulho é a exaltação do ego, o qual se delicia com o pensamento de ser superior a todos os semelhantes.

2. Produzir humildade em Paulo.
2.1 – Deus revelou coisas a respeito de si mesmo, algumas quais ele foi proibido de revelar, as outras ele deveria comunicar através das epistolas.
a) II Co. 12.4 ‘foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não são licito ao homem referir’.
b) A palavra grega para ‘inefável’, de uso comum nas religiões, é αρρητος (arrhetos) aquilo que é inexprimível, o que não pode ser expressado (por causa de sua santidade), só aparece aqui em todo o NT.
2.2 – II Co. 12.8-9 ‘... Cerca do quais três vezes orei ao Senhor para que desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade pois me gloriarei nas minhas fraquezas para que em mim habite o poder de Cristo’.
2.3 – A palavra humildade no NT significa:
a) No grego: ταπεινος (tapeinos) = ‘abaixado’; ‘trazido para baixo’; ‘trazer para terra’.
b) No latim: ‘húmus’ = terra.
c) A humildade é a consciência das nossas fraquezas e das nossas dependências, e nos fazer saber que somos pó, terra, em outras palavras, não somos nada.

3. Gerar dependência de Deus em Paulo.
3.1 – O ‘espinho na carne’ produzia em Paulo uma dependência de Deus, constante e consciente.
3.2 – Paulo sabia que não podia realizar coisa alguma sozinho, tinha mesmo que depender de Deus.
a) Descobriu que seu sofrimento o resguardou do orgulho.
b) Deixou-o mais humilde e mostrou-se que Deus era suficiente, fazendo-o dependente Dele.
3.3 – O texto é bem claro o anjo, veio: ‘para me esbofetear’ (II Co. 12 7).
a) A palavra esbofetear no grego κολαφιζω (kolaphizo), significa: ‘dar bofetada após bofetada’, ‘dar em alguém soco com o punho fechado’, ‘controlar’, ‘reprimir’, ‘punir’, ‘castigar’.
3.4 – Paulo refere-se a alguma experiência muito dolorosa, que não especifica, mas que chama de ‘espinho na carne’.

4. Ensinar a Paulo a suficiência da graça de Deus.
4.1 – Graça aparece 155 vezes no NT, e nas epistolas de Paulo 100 vezes.
4.2 – O termo grego para graça em o Novo Testamento é χαρις (charis) usado para graciosidade, amabilidade, favor.
4.3 – Mesmo que o espinho tenha causado sofrimento em Paulo, em ultima instância, serviu para um bom propósito, revelar a graça de Deus.
4.4 – ‘Graça significa que não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais, nenhuma quantidade de renuncia, nenhuma quantidade de conhecimento recebido em seminários e faculdades de teologia, nenhuma revelação ou quaisquer outras coisas, Deus já nos ama tanto quanto é possível um Deus infinito nos amar’ (Philip Yancey – ‘Maravilhosa Graça’).


CONCLUSÃO: Cada cristão sincero tem um espinho; causando uma situação desagradável, impedindo certa realização e até mesmo impossibilitando nosso avanço em algumas áreas.

Logicamente esse espinho redundará em benefícios, mesmo sendo desagradável e inconveniente.

A intenção de Deus em relação ao seu povo é a mesma que teve com o apostolo Paulo: evitar gloriar-se a si mesmo ao invés de gloriar-se no Senhor, que concede tal privilégio.

Não importa a origem do espinho. Uma coisa é certa, ele tem um propósito definido no plano de Deus.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

EU TENHO UM CHAMADO

Mc. 1. 16-20


OBJETIVO: Ensinar que enquanto cristãos todos nós temos um chamado em comum: anunciar a salvação aos outros.


INTRODUÇÃO: Quando se fala em vocação, afinal o que se quer dizer? A palavra vocação vem do verbo no latim "vocare" (chamar). Assim vocação significa chamado. É, pois, um chamado de Deus. Se há alguém que chama, deve haver outro que escuta e que responde.


CONTEXTO: O Senhor Jesus estava dando início ao seu ministério e se tornando publicamente conhecido. No intuito de dar continuidade ao trabalho de proclamação de sua obra redentora que realizaria à frente, chama alguns discípulos para treiná-los para o serviço.


TRANSIÇÃO: O chamado dos discípulos é paradigmático pois aponta para o chamado de cada um dos outros milhões de discípulos chamados a continuar sua obra e missão e isso inclui a mim e a você. Quero compartilhar sobre o tema: EU TENHO UM CHAMADO.


I – EU TENHO UM CHAMADO PARA A SALVAÇAO
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a – Jesus chamou seus discípulos para conhecê-Lo como Deus.

1. Quando o Senhor Jesus chamou seus discípulos a fim de segui-Lo certamente incluía o propósito de estarem eles dentre aqueles que creriam nele como o Messias prometido por Deus.

2. Jesus se manifesta inconteste aos seus discípulos acerca de sua divindade, seja mediante seus ensinos ou mediante seus sinais miraculosos.

3. Os discípulos entraram no ministério com essa certeza: Jesus é Deus.
3.1 – Jo. 1.1 ‘No princípio era aquele que é a Palavra Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito’.
3.2 – Jo 1.14 ‘Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade’.

b – Jesus chamou seus discípulos para conhecê-Lo como Salvador.

1. No decorrer de seu treinamento o fato de que Jesus é o Messias e o Salvador prometido fica claro para seus discípulos.
1.1 – Mc. 10.45 ‘Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos’.
1.2 – Jo. 6.68-70 ‘Simão Pedro lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus’.

2. O próprio apóstolo Pedro é quem vai dar uma das palavras mais contundentes acerca dessa singularidade da salvação ofertada por Jesus, quando em seu ministério ensina:
2.1 – At. 4.12 ‘Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos’.

3. Cada pessoa que se encontrou verdadeiramente com Cristo tem o chamado para a salvação.

4. Você já foi chamado pelo Salvador?

5. ‘Logo que descobri que existe Deus entendi que não podia mais fazer outra coisa a não ser viver por ele: minha vocação religiosa começa no exato momento em que despertou a minha fé’ (Charles de Foucauld) .

6. Ouça o chamado: Siga a Jesus de Nazaré.


II – EU TENHO UM CHAMADO PARA O SERVIÇO
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a – Jesus chamou seus discípulos para serví-Lo.

1. Os discípulos foram chamados para seguir a Jesus e nesse seguir aprenderam como é maravilhoso servir a Deus.

2. Os discípulos aprenderam que servir a Jesus é servir o Deus Todo-Poderoso.

b – Jesus chamou seus discípulos para servir uns aos outros.

1. Servir a Jesus implica em servir o próximo.

2. Talvez esta seja uma das lições mais preciosas e mais reconhecidas na humanidade através do ministério de Jesus.
2.1 – Mt. 25.34-40 ‘Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram. Então os justos lhe responderão: 'Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar? O Rei responderá: Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’.
2.2 – Mt. 10.42 ‘E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua recompensa’.
2.3 – Lc. 10.30-37 ‘O bom samaritano...’

3. É impossível amar a Deus se não amarmos e servirmos as pessoas a nossa volta.

4. Ouça o chamado: Siga a Jesus de Nazaré.


III – EU TENHO UM CHAMADO PARA A PROCLAMAÇÃO.

a – Jesus chamou seus discípulos para proclamar a salvação.

1. Certamente você que já tem certo tempo de vida cristã já ouviu a palavra κήρυγμα.
1.1 – Proclamação é seu significado e é uma das palavras chaves do Novo Testamento.
1.2 – Mc. 16.15 ‘E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas’.

2. Os discípulos de Jesus foram chamados para proclamarem as Boas Novas da salvação e foram enviados em várias comitivas, sendo treinados para a tarefa.

3. Saber que temos que anunciar todos sabemos, mas como o personagem Morfeu fala para o jovem Neo, o escolhido, no filme Matrix: ‘Há uma distância entre conhecer o caminho e percorrer o caminho’.

4. Cada discípulo de Jesus hoje tem o chamado de o Evangelho anunciar e não fazê-lo, se omitir ou se esconder, é negar o chamado.

5. Ouça o chamado: Siga a Jesus de Nazaré.

b – Jesus chamou seus discípulos para proclamar o Reino.

1. Muitos cristãos perderam ou nunca obtiveram a compreensão de que o Reino de Deus está acima da Igreja ou da denominação a que pertencem.

2. Não poucos cristãos se limitam a proclamar a doutrina da salvação querendo com isso transformar o mundo, porém, anunciar o Reino é anunciar a pessoa bendita de Deus e os propósitos que Ele tem para o homem.
2.1 – I Pe. 2.9 ‘Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz’.
2.2 – At 20:27 ‘Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus’.

3. Proclamar o reino de Deus é anunciar os seus princípios que podem transformar o homem e a sociedade a nossa volta.

4. Ouça o chamado: Siga a Jesus de Nazaré.


CONCLUSÃO: Negar o chamado é fugir de Deus e isso sempre tem implicações futuras onde Deus trata pessoal e disciplinarmente com seus filhos.
Não fuja de seu chamado.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

DÍZIMOS, IMPOSIÇÃO OU PRIVILÉGIO?

Mt. 23.23


OBJETIVO: Levar o membro da Igreja a verificar sua fidelidade para com o sustento da obra de Deus.


INTRODUÇÃO: Se se descobrisse a cura para todos os tipos de câncer e fosse solicitado de cada habitante uma contribuição percentual sobre seu ganho para ajudar na produção e aplicação da cura, você estaria disposto a contribuir de bom grado?


CONTEXTO: Neste texto o Senhor Jesus está advertindo aos fariseus sobre a prática de uma religiosidade hipócrita e destituída de verdadeiros compromissos éticos com o Reino de Deus.


TRANSIÇÃO: Nossa reflexão nesta oportunidade será sob o tema: DÍZIMOS, IMPOSIÇÃO OU PRIVILÉGIO?



I – O DÍZIMO NA BÍBLIA
.

a – A prática do dízimo é milenar.

1. A palavra dízimo no Antigo Testamento vem de ma‘aser e significa ‘décima parte’.
1.1 – Geralmente estava relacionado ao pagamento de um décimo dos frutos da terra e dos animais.
1.2 – A origem da quantidade pode estar relacionado ao sistema de contagem decimal, baseado nos dedos das mãos.
1.3 – Ou pode estar relacionado também ao fato de que dez é em si mesmo considerado perfeito, além de ser a soma de dois outros números considerados sagrados: sete e três.

2. A literatura antiga indica que a prática do dízimo era comum entre o povo semita e outros povos da antiguidade.

3. Muitas vezes se restringia a um imposto pago aos reis ou conquistadores, mas era geralmente relacionado com o sagrado.

b – O Dízimo é antes da nação judaica e da Lei mosaica.

1. As Escrituras mostram que antes de se fundar a nação judaica e antes da Lei ser dada, a prática do dízimo já era prática corrente na região da Palestina.

2. Abraão foi o primeiro caso de Dízimos registrado na Bíblia.
a) Quando Melquisedeque veio ao seu encontro, trazendo pão e vinho após uma batalha.
b) Gn 14:20 ‘de tudo lhe deu Abrão o dízimo’.

3. O dízimo de Abraão se dá num contexto político e religioso, pois Melquisedeque era não apenas rei de Salém mas também ‘sacerdote do Deus Altíssimo’ (Hb 7:1).


II – O DÍZIMO NA PRÁTICA JUDAICA.

a – O Dízimo no nascedouro na nação.

1. A primeira pessoa a dar dízimos na Bíblia foi Abraão.
1.1 – Entretanto, a prática do dízimo não começou com Abraão e não se pode dizer que foi uma prescrição divina feita a ele.

2. Depois de Abraão, vemos seu neto Jacó prometendo que ‘de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo’ (Gn 28:22). Era uma forma de reconhecer o direito soberano de Deus sobre os sucessos da vida.

3. Foi durante a trajetória dos filhos de Israel pelo deserto que o dízimo surgiu como uma prescrição da lei.

b – O Dízimo na trajetória da nação judaica.

1. Levíticos é o único livro a declarar ‘que todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do Senhor’ (Lv. 27:10).

2. Em Números Deus diz: ‘aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação’ (Nm. 18:21).

3. Em Deuteronômio, o dízimo é tratado sob a perspectiva do estabelecimento na Terra Prometida.
3.1 – Dt. 12.17 ‘nas tuas cidades, não poderás comer o dízimo’.
3.2 – Dt. 12.11 ‘haverá um lugar que escolherá o Senhor, vosso Deus... a esse lugar fareis chegar tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos’.

4. Todas as demais citações sobre o dízimo no Antigo Testamento não alteram as disposições do Pentatêuco, mas indicam que o povo frequentemente as descumpriam.

5. No pós-exílio:
5.1 – Ne. 13:10 ‘os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam o serviço, tinham fugido cada um para o seu campo’. Neemias fez todos retornarem aos seus postos na casa de Deus e ‘todo o Judá trouxe os dízimos dos cereais, do vinho e do azeite aos depósitos’ (Ne. 13:12).
5.2 – Mas a mesma situação se verificou durante o ministério de Malaquias: ‘Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas’ (Ml. 3:8).

c – O Dízimo no Novo Testamento.

1. Do período pós-exílico ao início do NT o dízimo sofreu algumas modificações.
1.1 – Inicialmente, eram sujeitos às leis do dízimo apenas os frutos da agricultura e dos animais.
1.2 – Mas o Mishná e o Talmude definiram que ‘tudo o que é utilizado para alimentação, que é cuidado e cresce sobre o solo é susceptível ao dízimo’. Por isso, os fariseus dos dias de Jesus davam dízimo de hortaliças como a hortelã e o cominho.

2. Os rabinos definiram cuidadosamente uma época sagrada quando as coisas deveriam ser dizimadas.
2.1 – Havia um tempo certo para que gado, frutos da terra e das árvores fossem apresentados aos sacerdotes.
2.2 – O judeu é minucioso na sua prática do dízimo.


III – O DÍZIMO CRISTÃO.

a – Está valendo ainda?

1. O NT não traz material novo sobre o Dízimo, mas amplia o conceito da contribuição, sem anular o VT.
1.1 – Mt. 23.23 ‘Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas’.
1.2 – Até das hortaliças e pequenas produções o judeu separava o dízimo.
1.3 – Davam o dízimo, mas falhavam no amor, na misericórdia e na fé. Deviam ser cuidadosos no exercício dessas virtudes e ainda assim continuar sendo dizimistas.
1.4 – Praticar estas coisas (o dízimo nas menores coisas), sem omitir aquelas (a justiça, a misericórdia e a fé).

2. Quando se olha para o aspecto da contribuição no NT o cristão é desafiado a entregar sua vida e a partir daí todas as coisas são reconhecidas como sendo de fato do Senhor.

b – Considerações a luz das Escrituras.

1. Dizimar é dizer sim ao plano de Deus para a manutenção de sua obra.

2. Devolver ao Senhor a parte estabelecida por Ele em sua Palavra é reconhecer sua soberania sobre nossas vidas e saber que somos mordomos dele.

3. Não ser dizimista é negar um princípio claro da Palavra de Deus.
3.1 – Lv. 27.30 ‘Todos os dízimos da terra, seja dos cereais, seja das frutas, pertencem ao Senhor; são consagrados ao Senhor’.
3.2 – Pv. 3.9-10 ‘Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho’.
3.3 – Ml. 3.8-10 ‘Pode um homem roubar de Deus? Contudo vocês estão me roubando. E ainda perguntam: Como é que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Vocês estão debaixo de grande maldição porque estão me roubando; a nação toda está me roubando. Tragam o dízimo todo ao depósito do templo, para que haja alimento em minha casa. Ponham-me à prova, diz o Senhor dos Exércitos, e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las’.

4. Mesmo se não tivéssemos bênçãos e recompensas aqui nesta vida, valeria a pena investir financeiramente com o dízimo para a sustentação da obra da Evangelização?


CONCLUSÃO: Se se descobrisse a cura para todos os tipos de câncer e fosse solicitado de cada habitante uma contribuição percentual sobre seu ganho para ajudar na produção e aplicação da cura, você estaria disposto a contribuir de bom grado?

O que Deus propõe na participação financeira de cada cristão é a viabilização de recursos e meios para a aplicação do Evangelho que é a cura para a maior enfermidade do ser humano: o pecado.

Seja um participante da obra da salvação.

Seja um dizimista.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A MISSÃO EXIGE ENGAJAMENTO DA IGREJA INDIVIDUALMENTE

Ef. 4.11-16

OBJETIVO: Ensinar que cada cristão ocupa um lugar nas engrenagens do Reino e não desempenhar sua função é contribuir para que a missão fracasse.

INTRODUÇÃO: Certa orquestra sinfônica deveria ter sua apresentação em um importante evento, mas estava passando por período de desmotivação. Um dos componentes pediu que um amigo que não era músico o substituísse, bastando imitar o que os outros instrumentistas iguais fizessem. Outros tiveram a mesma ideia. A apresentação foi um fiasco.

CONTEXTO: A Epístola aos Efésios é chamada de a Epístola eclesiológica, pois trata da eclesiologia como nenhuma outra. Foi escrita por Paulo por volta do ano 62/63d.C. para uma Igreja que ele mesmo plantara e que estava em pleno desenvolvimento.

TRANSIÇÃO
: Como é o seu envolvimento na sua Igreja com vistas ao cumprimento da missão? Quero compartilhar nesta oportunidade sobre o tema: A MISSÃO EXIGE ENGAJAMENTO DA IGREJA INDIVIDUALMENTE.


I – ENGAJAMENTO INDIVIDUAL INICIA COM ESTÍMULO.

a – A fonte primária de estímulo é o Espírito Santo.

1. Todo recém convertido possui um estímulo natural tão grande que se dependesse dele em seus primeiros meses de vida cristã, o mundo seria outro.

2. Isto se dá porque o Espírito Santo de Deus o ilumina e o energiza de modo tal que o que foi de tamanho poder de transformação em sua vida quer levar para alcançar a vida de outros.

b – A fonte secundária de estímulo está nos dons de base da Igreja.

1. Deus proveu para a Igreja, através dos dons espirituais, as ferramentas necessárias para que a Igreja desempenhe sua missão.

2. Dentre as dezenas de dons espirituais dados aos cristãos, o Espírito Santo nos deu quatro dons de base que a partir destes os santos são fortalecidos e supridos para cumprir a missão.

3. Dons de base
3.1 – Apóstolos: Aquele que vai na frente.
a) Os apóstolos foram a linha de frente que Deus usou ao completar a revelação, trazer a luz necessária sobre a doutrina e plantar a Igreja.
b) Hoje o dom está mais ligado aos missionários plantadores de Igrejas (Não em donos de Igrejas).
3.2 – Profetas: Aquele que expõe a Palavra (πρόφημί).
a) Pró (πρό) = na frente.
b) Femi (φημί) = iluminar.
c) Aquele que faz brilhar a Palavra de Deus. Fala em tons éticos.
3.3 – Evangelistas: Aquele que possui persuasão.
3.4 – Pastores mestres: Aquele que é apascentador.

4. Estes dons ainda estão ligados aos sistemas básicos da subsistência do corpo humano.
4.1 – Apóstolos: Sistema ósseo-muscular, dá estrutura ao corpo.
4.2 – Profetas: Sistema nervoso, estimula a ação.
4.3 – Evangelistas: Sistema digestivo, transforma alimento em vida.
4.4 – Pastores mestres: Sistema circulatório, distribui o alimento ao corpo.

5. Nenhum cristão jamais poderá alegar que nada fez, pois sua Igreja ou seu pastor nunca o estimularam a ação nas causas do Reino.


II – ENGAJAMENTO INDIVIDUAL PRECISA DE PREPARO.

a – O preparo se dá através das ações dos dons de base.

1. O apóstolo Paulo ensina 12 que Deus deu esses dons com vistas a determinado resultado na vida da Igreja.
1.1 – Ef. 4.12 (NVI) ‘com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado’.

2. A palavra usada pelo apóstolo para aperfeiçoamento é (καταρτισμον) a mesma usada para indicar o concerto das redes dos pescadores, significando concertar, aparelhar, equipar.

3. Os portadores destes dons de base sempre estão, de alguma forma, estimulando os demais membros do Corpo de Cristo a fazerem o seu serviço.
3.1 – Ef. 4.12 (ARA) ‘com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo’.
3.2 – Estimulados pelo Espírito e pela Palavra ou pelos líderes, os membros do Corpo de Cristo sempre poderão estar envolvidos na obra do Reino de Deus.

b – O preparo se dá através do envolvimento pessoal.

1. O Senhor Jesus narrou a Parábola das Minas, Parábola dos Talentos e outros estímulos mais aos seus discípulos e estes ensinos são extensivos a toda a Igreja em todos os tempos.

2. Oswald Smith, grande evangelista do Canadá, fundador da Igreja do Povo em Toronto, em seu livro O Homem que Deus Usa, afirma: ‘O segredo do crescimento na vida cristã é a atividade’ .

3. Se você deseja crescer espiritualmente, envolva-se; mas lembre-se de que se não crescer nem se envolver, estará pecando contra Deus e contra a Igreja que é o Corpo de Cristo.
3.1 – Hb. 5.12-13 (NVI) ‘Porque, devendo já ser mestres em razão do tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que precisais de leite, e não de alimento sólido. Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança’.


III – ENGAJAMENTO INDIVIDUAL DEMANDA AMADURECIMENTO.

a – Amadurecimento deve ser o alvo de cada cristão.

1. Uma pessoa que amadurece na fé e no engajamento na causa de Cristo estará cumprindo sua missão sem se sentir pressionado pelo dever, mas o fará por prazer.

2. Um cristão amadurecido terá firmeza no que crê e no que fala acerca do que crê.

3. Inconstância e irresponsabilidade são coisas próprias de pessoas imaturas e na vida cristã não é diferente.

4. Muitos cristãos são inconstantes e não cumprem sua missão por falta de amadurecimento o que os levaria a um comprometimento mais sério, proveitoso e frutífero.
4.1 – Ef. 4.13-14 (NVI) ‘até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro’.
4.2 – Amadurecimento deve ser o alvo de cada cristão.
a) Ef. 4.15 (NVI) ‘Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo’.

b – Um Corpo maduro se reproduz natural e saudavelmente.

1. Como se dá no corpo orgânico, assim também na vida espiritual, pois um corpo amadurecido e em bom estado normalmente se reproduzirá em outros de sua mesma espécie.

2. O cristão individualmente ou a Igreja local como um corpo, se reproduzirá naturalmente, mas se não há a reprodução, de alguma forma há doença e anormalidade.
2.1 – Ef. 4.16 (NVI) ‘do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor’.
2.2 – At. 9.31 (NVI) ‘A igreja passava por um período de paz em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Ela se edificava e, encorajada pelo Espírito Santo, crescia em número, vivendo no temor do Senhor’.

3. Se ‘cada parte’ não fizer a sua parte o que acontece com o todo?

CONCLUSÃO: Cumprir a missão como Igreja inclui a ideia de cumprir a missão como indivíduo.
Como você faz a sua parte?