quinta-feira, 19 de junho de 2008

A COMUNHÃO DO CRISTÃO PODE SER ESTREMECIDA.

At. 15.36-41


OBJETIVO: Ensinar que a comunhão dos cristãos pode ser estremecida no relacionamento uns com os outros.


INTRODUÇÃO: Machado de Assis em seu livro ‘Esaú e Jacó’ desenvolve a história de dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo que, por ideais distintos acabam por se distanciarem um do outro. Embora tendo ambos bons ideais, querendo um o governo republicano e o outro a continuidade da monarquia, em sua discordância mútua acabam se distanciando e destruindo o relacionamento de irmãos.


CONTEXTO: O texto que lemos acha-se inserido na segunda viagem missionária de Paulo. Paulo e Barnabé, dedicados ao anúncio do Evangelho da salvação em Jesus Cristo, acabam tendo discordância e se distanciando um do outro, cada qual indo para lugares diferentes com a finalidade de evangelizarem.


TRANSIÇÃO: Você já experimentou situações onde houve estremecimento em seus relacionamentos pessoais? Quero refletir nesta oportunidade sobre o tema: A COMUNHÃO DO CRISTÃO PODE SER ESTREMECIDA.



I – A COMUNHÃO DO CRISTÃO PODE SER ESTREMECIDA DEVIDO O PECADO QUE SOBREVIVE.

a – O pecado ainda habita o cristão.

1. Infelizmente os cristãos acabam por passar, seja intencional ou inconscientemente, o conceito de que o cristão é um ser perfeito.

2. É preciso mais que nunca ter a consciência e demonstrar o fato de que somos imperfeitos e estamos em construção.

3. Cada cristão, verdadeiramente convertido a Jesus, possui duas naturezas.
3.1 – Velho homem – Natureza pecaminosa – Nascimento.
3.2 – Novo homem – Nova natureza – Novo nascimento.

4. Apesar de se ter uma nova natureza, o apóstolo Paulo reforça o ensino de que ‘o pecado vive em mim’ (5x em Rm. 7).

b – Os apóstolos não estavam isentos da manifestação do pecado.

1. Barnabé foi o responsável por discipular Paulo, quando este já convertido, mas sem espaço na comunidade dos cristãos, devido seu passado pregresso.
1.1 – At. 11.25-26a ‘Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, quando o encontrou, levou-o para Antioquia’.
1.2 – É bom fazer amizades significativas?
1.3 – Você tem amigos de relacionamentos profundos e significativos nos quais você pode confiar plenamente?

2. Paulo e Barnabé, mesmo sendo apóstolos, não estavam isentos da manifestação do pecado.
2.1 – At. 15.39a ‘Tiveram um desentendimento tão sério que se separaram’.

3. Pode-se ver aqui alguns resquícios da presença do pecado:
3.1 – Paulo pode não ter perdoado João Marcos por ter sido fraco numa experiência passada
3.2 – Barnabé quis fazer prevalecer a sua posição independente de pastorear o coração de Paulo, já que era o cristão mais experiente e o discipulador de Paulo
3.3 – Falta de perdão, egoísmo, não aceitação, dureza, entre outros, podem ser pecados percebidos neste incidente na vida dos apóstolos.

4. Como é que Paulo e Barnabé eram amigos há um bom tempo e se desentenderam?

c – Os cristãos não estão isentos da manifestação do pecado.

1. Não se pode apresentar um cristianismo destituído da realidade de que o pecado ainda é um mal presente na vida do cristão, apesar de ter uma nova natureza, uma nova vida e uma nova inclinação.

2. Muitas são as situações onde a comunhão entre cristãos é quebrada devido a presença do pecado que ainda nos assedia.

3. São muitos os textos e ensinos bíblicos sobre a tolerância, o perdão e a reconciliação entre os cristãos.
3.1 – Cl. 3.13-14 (NVI) ‘Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito’.
3.2 – Ef. 4.30-32 (NVI) ‘Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo’.

4. Mesmo que o pecado tenha promovido quebra de comunhão em sua vida volte atrás, reconcilie e reconstrua a comunhão.


II – A COMUNHÃO DO CRISTÃO PODE SER ESTREMECIDA DEVIDO A INTERESSES DIFERENTES.

a – Os interesses de Paulo e Barnabé entraram em conflito.

1. Os apóstolos Paulo e Barnabé tinham interesses em comum, que se resumiam no anseio da proclamação da salvação aos povos.

2. No entanto, eram indivíduos com personalidades distintas e, portanto, foi inevitável existir interesses diferentes entre eles, a ponto de terem não pequena discussão e de se separarem.
2.1 – Barnabé queria levar seu primo João Marcos, jovem, dinâmico, apaixonado pela proclamação do Evangelho, porém em estágio de amadurecimento.
2.2 – Paulo não queria que João Marcos os acompanhasse, pois na primeira viagem o jovem desistiu no meio do caminho, trazendo alguns transtornos e preocupações aos apóstolos.

3. A existência de interesses diferentes é natural, porém podem levar a conflitos quando fazemos valer nossos próprios interesses, sem consideração pelos interesses dos outros.
3.1 – Fp. 2.1-4 (NVI) ‘Se por estarmos em Cristo nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros’.

4. Desentendimentos podem acontecer entre cristãos, e isso, muitas vezes, pode estremecer a comunhão.

b – Os interesses entre cristãos podem entrar em conflito.

1. Assim como Paulo e Barnabé, cada cristão também possui sua individualidade que deve se expressar com respeito e consideração pelo próximo.

2. Muitas vezes, no expressar de nossa individualidade, nos esquecemos de que é preciso manter a unidade, e quando assim esquecemos, acabamos por atropelar ou desrespeitar o irmão, e aí acontece a quebra de comunhão.

3. Na carta que Paulo escreve a Timóteo, anos à frente, encontramos o missionário pedindo que João Marcos viesse ajudá-lo.

4. Ilustração: O ano de 1903 foi um ano de dor no meio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Três pontos básicos foram discordantes entre os pastores e líderes da Igreja naquela ocasião: A questão da educação teológica, a questão da administração americana sobre a Igreja brasileira e a questão da Maçonaria. O dia 31 de julho de 1903 marcou uma divisão no que resultou o surgimento da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Depois de uma reunião acirrada, carregada de manifestos onde as diferenças eram objeto de discussão sobre os três pontos em questão, passou-se a votação onde 52 votantes declaram tolerância e 22 se manifestam irredutíveis e contrários a presença maçônica no seio da Igreja. A divisão estava estabelecida. Ouça a narrativa das palavras finais do Rev. Eduardo Carlos Pereira despedindo-se da Igreja Presbiteriana para viver a experiência da fundação da nova Igreja Presbiteriana Independente: ‘Irmãos missionários, permiti-me dirigir-vos cordial despedida. Procurei, nas bases apresentadas pelo Dr. Chester e Dr. Ellinwood, um plano de cooperação entre os missionários e os nacionais. Vós não o quisestes, creio que errastes; o futuro o dirá. E vós, meus patrícios, reagi quanto pude em favor do nosso prestígio moral, nada consegui. A maçonaria cavou um abismo entre nós e vós. Ela foi, o instrumento e, se me permitirem a expressão, a mão de gato para tirar as castanhas do fogo. Como vistes, Cristo foi levantado ao seio deste Concílio por uns, pregado na cruz por outros, e ainda por outros coroado de glória. Vós ouvireis falar de nós, nós ouviremos falar de vós e um dia perante o Juiz nos encontraremos. Felicidades, meu patrícios. Tomou o chapéu. Desceu a tribuna e atravessou o recinto no meio do rumor que se erguia. Lágrimas corriam pelas faces de muitos. Era a hora tremenda das provações. Outros membros da minoria o foram acompanhando. A Igreja Presbiteriana Brasileira, parodiando o Profeta das Lamentações, bem poderia exclamar na sua dor: “Olha Jeová, porque estou angustiada; turbadas estão as minhas entranhas; transformado dentro de mim está o meu coração; porque tenho multiplicado as minhas rebeliões” (Lm. 2.20)’ .


CONCLUSÃO: Você já teve a comunhão estremecida no relacionamento com algum irmão?

Ainda há na sua vida amizades estremecidas que precisam ser restauradas?

É preciso que nós cristãos aprendamos a conviver com as diferenças pessoais, no entanto mantendo a unidade, na busca do interesse do Reino de Deus.

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