sábado, 25 de agosto de 2012

A POSIÇÃO OFICIAL DA IPB SOBRE O DOM DE LÍNGUAS


OBJETIVO: Apresentar a posição oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil para que tenhamos unidade.

INTRODUÇÃO: O que diz oficialmente a IPB? Esta explanação é transcrição ipsis verbis de parte da Carta Pastoral do Supremo Concílio da IPB, promulgada para a Igreja em 1996 .


I – AS LÍNGUAS E O BATISMO COM O ESPÍRITO.

1. Aprouve a Deus que o batismo com o Espírito Santo, ocorrido no dia de Pentecoste, como um evento histórico-escatológico crucial, fosse marcado por manifestações especiais, como o som de vento impetuoso, línguas de fogo e o falar em línguas estrangeiras.

2. Todas as manifestações estavam ligadas ao processo de universalização do Evangelho, segundo At 1.8, e pertenceram, assim, como sinal do cumprimento da promessa do Espírito.

3. Alguns têm entendido e afirmado que as línguas são a evidência inicial mais importante do batismo com o Espírito Santo.
3.1 – Essa afirmação baseia-se principalmente nas narrativas do livro de Atos em que o batismo com o Espírito Santo é seguido pelo falar em línguas.
3.2 – Entretanto, o livro de Atos igualmente relata várias outras ocasiões, que podem ser descritas como “batismo com o Espírito Santo” em que as línguas não aparecem.
a) A conversão dos três mil no dia do Pentecoste.
b) O caso dos Samaritanos.
c) A conversão de Saulo.

4. Em nenhum lugar do Novo Testamento as línguas são mencionadas como a evidência normal do batismo com o Espírito Santo, ou da Sua plenitude, para os crentes, após o Pentecoste.
4.1 – A evidência inconfundível da plenitude espiritual, segundo Paulo, é o fruto do Espírito.
4.2 – Portanto, o falar em línguas não deve ser considerado como a evidência de nenhuma destas duas experiências.

II – A NATUREZA DAS LÍNGUAS.

1. Quanto à exata natureza das línguas faladas miraculosamente no Novo Testamento, devemos buscar indícios nos relatos do livro de Atos e na primeira carta de Paulo aos Coríntios.

2. O Evangelho de Marcos (16.9-20) traz o falar “novas línguas” como um dos sinais que haveriam de acompanhar os que crêem (v. 17).
2.1 – Alguns têm sugerido que as “novas línguas” ali mencionadas se referem a um novo tipo de línguas, diferente da linguagem humana.
2.2 – Entretanto, o adjetivo κάινος (kainos = “novo”), empregado na expressão, não significa necessariamente “um novo tipo”, mas simplesmente algo que é novidade.
2.3 – O sentido natural seria o de falar línguas até o momento ainda não faladas pelos que criam, e portanto, uma novidade para eles.

3. A palavra traduzida como “línguas,” aqui, e em todo o Novo Testamento, é a palavra normal em grego para linguagem humana, γλωσσα (glôssa).

4. Parece evidente que as línguas descritas em Atos 2 eram idiomas humanos conhecidos pelos ouvintes presentes por ocasião do Pentecoste.

5. A declaração de Lucas em At 2.4 deixa pouca dúvida de que o milagre foi o de os apóstolos falarem em outras línguas que não as suas próprias, e não, como alguns têm sugerido, o de os presentes ouvirem em suas próprias línguas.
5.1 – O fenômeno, pois, foi dictivo, e não auditivo.
5.2 – Não há qualquer indício de que as línguas faladas nas demais ocasiões mencionadas em Atos fossem de natureza diferente.

6. Em At 2.6,8,11 se referem às línguas maternas dos que as ouviram naquela ocasião, das quais quatorze são citadas por Lucas.
6.1 – Portanto, fica claro que eram línguas estrangeiras, e não “estranhas”.
6.2 – A expressão “línguas maternas” em At 2.8, literalmente “no nosso próprio dialeto em que fomos nascidos”, reforça este ponto.

7. O adjetivo έτερος (héteros) “outro” expressa a ideia de um outro item de uma mesma série, sem a conotação de que se trata de algo diferente em sua essência.
7.1 – “do outro barco” (Lc 5.7).
7.2 – “outro dos discípulos” (Mt 8.21).
7.3 – “outra (passagem da) Escritura” (Jo 19.37).

8. O adjetivo “estranha”, colocado pelos tradutores da versão Almeida Revista e Corrigida após γλωσσα (glôssa), na passagem de 1 Co 14, não aparece no texto grego, e certamente tem contribuído para difundir a ideia errônea de que o fenômeno tinha a ver com línguas misteriosas, intraduzíveis e estáticas.

9. Alguns têm apontado para a expressão “outras línguas,” que ocorre várias vezes em 1 Co 14, como indício de que se trata de línguas diferentes dos idiomas humanos.
9.1 – A palavra “outras” não ocorre no original grego, tratando-se de uma interpretação dos tradutores para o português.

10. Alguns apelam para 1 Co 14.2 para apoiar a ideia de que Paulo está lidando em 1 Coríntios com um fenômeno distinto de At 2.4-11.
10.1 – O texto afirma que “quem fala em língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistério”.
10.2 – Para os que o ouvem, o sentido é desconhecido. Portanto, é um mistério.
10.3 – Este seria o efeito se alguém falasse em um idioma humano completamente desconhecido dos seus ouvintes. Neste sentido, ele fala não aos homens, mas a Deus.

11. A palavra grega traduzida em 1 Co 14.2 como “língua” é γλωσσα (glôssa), que é a palavra usada comumente para “linguagem” ou “idioma”, que ocorre também em Atos.

12. Além disto, devemos ainda notar que “falar mistérios” pode também significar “falar um mistério divino ainda não revelado” (ver 1 Co 2.7).

13. A expressão “gemidos inexprimíveis” em Rm 8.26, semelhantemente, não pode ser tomada como referência ao dom de línguas, mas sim como referência à intercessão do Espírito pelo crente.

14. Caso as línguas faladas em Corinto, ou em qualquer outra igreja neotestamentária, fossem diferentes das faladas em Atos, esperar-se-ia que o apóstolo Paulo, ou outro escritor do Novo Testamento, estabelecesse a diferença em seus escritos.

15. O silêncio de Paulo sobre a natureza das línguas, em sua primeira carta aos Coríntios, revela que o apóstolo está assumindo que seus leitores, vivendo alguns anos após o Pentecoste, estavam a par do que ocorrera naquela ocasião.

16. À luz do precedente estabelecido em Atos, torna-se mais natural supor que as línguas de Corinto eram, como em Atos, idiomas humanos.

17. As línguas mencionadas em Corinto e no resto do Novo Testamento são um único e mesmo fenômeno.

18. Em nenhum lugar a Escritura fala de dois dons de línguas distintos, e nem existem indícios inegáveis nas mesmas que nos obriguem a crer na existência de dois fenômenos distintos.

III – O PROPÓSITO DAS LÍNGUAS.

a – Evidenciar a Universalidade da Graça.

1. As línguas mencionadas no livro de Atos ocorreram por ocasião da descida do Espírito Santo:
1.1 – Sobre judeus (2.1-13).
1.2 – Sobre gentios que eram simpatizantes do judaísmo (10.44-46; 11.16-17).
1.3 –Sobre discípulos de João Batista (19.1-7).

2. Elas funcionaram como evidência externa da descida do Espírito sobre estes diferentes grupos, refletindo o progresso do Evangelho a partir dos judeus, passando por grupos intermediários até alcançar, finalmente, os gentios, conforme Jesus determinou em At 1.8.

3. Podemos concluir que, como evidência do cumprimento das diferentes etapas do Pentecoste, as línguas cessaram.

b – Sinal do Juízo de Deus sobre os incrédulos.

1. É importante ainda notar que as línguas serviram como sinal do juízo de Deus sobre os descrentes.

2. Escrevendo aos Coríntios sobre o propósito das línguas, Paulo afirma: “Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos” (1 Co 12 14.20-22).

c – Edificação da Igreja.

1. Em sua primeira carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo enfatiza a edificação da Igreja como sendo o propósito de todos os dons espirituais.

2. As línguas, portanto, onde não entendidas, e sem interpretação, eram proibidas por ele, visto que não traziam edificação aos que as ouviam.
2.1 – Seu uso individual particular tampouco foi encorajado pelo apóstolo.
2.2 – Alguns, baseando-se em 1 Co 14.4, têm argumentado que as línguas também foram dadas para a edificação individual do que fala.
2.3 – A passagem, entretanto, não autoriza o uso em particular do dom para proveito apenas do que fala, já que os dons são dados para o benefício de todos os membros da Igreja (ver 1 Pd 4.10; 1 Co 12.7,25; etc.).

3. Embora admitindo o orar e o cantar em línguas, Paulo expressa que é melhor orar e cantar também com o entendimento (14.15).

4. A preferência do apóstolo inspirado, “prefiro falar na Igreja cinco palavras com meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” (14.19), claramente demonstra que as línguas ocupam lugar absolutamente secundário nas reuniões do povo de Deus.

5. Mesmo não proibindo, ele desencoraja o seu uso (1 Co 14.39-40). Portanto, mesmo os que rejeitarem a argumentação sobre a natureza das línguas, certamente deverão levar em conta a argumentação sobre o propósito por excelência dos dons: a edificação da Igreja.


CONCLUSÃO: Línguas referem-se a um idioma humano.

4 comentários:

Anônimo disse...

pastor muito bom seu estudo.
mas devo admitir que o senhor mesmo concorda que existe mas que deve ser usado para o bem comum...
certo?

Anônimo disse...

Para reflexão!
Concordo totalmente com a instrução dada por Paulo a igreja de Corinto, pois Os Corintos se vangloriavam deste dom e a igreja começou a ser ter uma disputa de egos ficando uma bagunça na igreja de Corinto...Contudo com relação ao dom de línguas em Pentecostes e a igreja de Corinto vejo evidências claras de distinção. aliás esta distinção tbm é vista no cap 10 vers 44 no qual os Judeus convert ouviam os outros falar em línguas..(episódio de Cornélio) digo ouviam e não entediam. Está experiência sim tem evidências de ser igual a dos irmãos de Corinto. Ainda que Paulo não faço uma argumentação sobre esta diferencia até por que este não era o foco vemos diferenças claras...Paulo apenas queria instruir a igreja para que fossem um bom testemunho. Vamos as evidências: Primeiro Paulo incentiva a igreja a buscar os Dons espirituais todos!! mas dá dá um balde de água fria dizendo busque todos mas saibam que este que vcs acham o melhor do supra sumo talvez não seja...realmente concordo que a igreja tem que valorizar primeiramente outros dons citados...mas isso não que dizer que não tem que ser incentivado a buscar o de línguas. Bom, mas veja no versículo 4 quem fala em línguas edifica a si mesmo Paulo reforça isto quando fala no versículo 18 do cap 4 de Corintios Dou graças por falarem línguas mais do que todos vocês 19 todavia na Igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis...neste trecho fica claro que Paulo no seu particular ou seja em oração falava em línguas e olha que muito...rs! preste atenção no detalhe do texto por que falo mais que todos vcs...Paulo deixa claro neste momento que não falava em público em línguas ou indiscriminadamente...era sábio! Agora dizer que as línguas no pentecostes era igual a que Paulo falava não tem sentido pois ela só teria proveito se fosse em público...além do que a língua de Atos naquelas pessoas não permaneceram pra sempre...aquilo episódio da há entender talvez que não era um dom e sim um milagre com um propósito específico...Já no texto de Corinto fica evidenciado que esse falar em línguas era uma prática da Igreja e de Paulo, O que Paulo faz e dar ordem e dizer que a intenção deles estavam contaminadas...QUERIAM SE APARECER!! Bom agora quero falar das evidências reais ou seja a Igreja em todo mundo tem irmão dedicados e fiéis corretos que testificam na prática este dom ..Não desconsidero que se Paulo estivesse aqui daria a mesma ou pior bronca na igreja..pois os erros ainda acontecem e de maneira muito grave... supervalorização, egos leva a pessoas se enganarem e crerem que tem o dom pura auto sugestão ou emoção ...Pra finalizar quero dizer que como Paulo tenho o dom que inclusive foi derramado quando era da Presbiteriana, mas levo a sabedoria dos mesmos a qual Paulo ensinou...só fico triste que a Presbiteriana não ensina a igreja a buscar este dom com a sabedoria da qual Paulo ensinou...até por que creio que este dom é uma consequência da sua caminhada ou seja busca pelos dons de serviço e ensino...Deus abnç a todos ...Orem e reflitam

Anônimo disse...

Boa tarde! Chamo-me Matson, sou casado, pai de duas filhas lindas que o Senhor me deu. Também sou diácono da Igreja Presbiteriana do Brasil na cidade de Salgueiro Pernambuco.

Tenho as Escrituras com única regra de fé e prática. Por isso devo discordar do amado pastor ao afirmar a cassação do Dom de línguas. Os próprios textos usados não deixam dúvidas pelo contrário. É uma pena que, pouquíssimas vezes, a teologia trás confusão em passagens autoexplicativas. Como é o caso.
O Espírito de Deus não errou ao criar e dar pra Igreja seus dons. E as vezes a própria igreja fala com se Ele tivesse errado em alguma coisa.

Paulo corrobora inteiramente com o Espírito Santo em "encorajar" os irmãos a buscarem o dom de línguas ( Que em corinto é dom e não dialeto como lá em Atos 2) 1Co 14 39,40. Logo no começo do capítulo ele dá um mandamento para seguir o amor e buscar os dons espirituais. Ele não desencoraja como o pastor diz na nota. Simples, simples.

Não há texto bíblico ensinando que o Dom de línguas de 1Co cessou . Em Atos 2 não há dom do Espírito. Há uma manifestação de línguas nacionais ou dialetos, mas não dom. Nunca vi isso naquele texto.

Ora o próprio Jesus falou de sinais e dentro deles estava o falar em outras línguas que alguns teriam em sua companhia. Mas paulo tá falando de dons; Ele deixa bem claro isso em 1Co 12.

O Espírito distribui conforme Sua vontade e a Igreja é Dele. Não há nas Escrituras passagens dizendo que os dons são progressivos. Há um dia em que tudo que é em parte será aniquilado, mas isso se dará na consumação dos séculos, quando tudo se consumar e Cristo entregar tudo ao Pai conforme 1Co 15.

É uma pena pois essa incredulidade da nossa IPB atrapalha no crescimento e expansão do Reino de Deus. Em contrapartida outras Denominações que fazem uso dos dons crescem e expandem a Palavra com mais fervor. Nós somos uma denominação que pouco produz e como consequência pouco cresce no Brasil. Isso é um fato triste que precisa mudar. Eu não me orgulho de ser presbiteriano, eu me orgulho de ser cristão.
Em fim, eu fico só com as Escrituras que afirman claramente a existência do Dom de línguas hodiernamente.
Deus nos abençoe!

Anônimo disse...

Ao reler meu texto percebi muito erro de pontuação. Talvez tenha sido a pressa. Em fim, perdoem-me!