quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

QUE BOAS NOVAS O NATAL NOS TRAZ? ‘VOS NASCEU O CRISTO’


Lc. 2.8-11

OBJETIVO: Ensinar que o evento Natal encerra em si uma das maiores mensagens do Universo e que deve ser proclamada a todos.

INTRODUÇÃO: Quando criança a gente acha que ‘Cristo’ era uma espécie de sobrenome de Jesus, algo assim como Jesus da Silva, Jesus Pereira, ou Jesus Cristo.

CONTEXTO: Lucas está escrevendo um texto à um amigo procurando dar-lhe fontes seguras acerca de Jesus Cristo como o Filho de Deus que veio concretizar a promessa de salvação de Deus ao mundo humano.

TRANSIÇÃO: Quero falar nesta oportunidade sobre o seguinte tema: QUE BOAS NOVAS O NATAL NOS TRAZ? ‘VOS NASCEU O CRISTO.


I – ‘CRISTO’ DESIGNA A FUNÇÃO DO SALVADOR.

a – A origem do termo ‘Cristo’.

1. A palavra grega ‘Christós’, vem de uma raiz hebraica que significa ‘untar’, e vem traduzida pela LXX com o significado de ‘ungido’.
1.1 – Essa palavra grega foi transliterada para o português, ‘Cristo’, em vez de ser traduzida, para ‘Ungido’.

2. Usos no NT.
2.1 – O substantivo ‘unção’, no grego, ‘chrisma’ aparece somente por três vezes em todo o NT.
2.2 – O verbo ‘chrio’, ‘ungir’, ocorre por cinco vezes.
2.3 – O adjetivo ‘christós’, ‘ungido’, é usado por mais de quinhentas e quarenta vezes no NT.
2.4 – Em todas as ocorrências do substantivo, ‘unção’, está em pauta a presença permanente do Espírito Santo com os crentes.

3. O Senhor Jesus foi ‘ungido’ com a presença do Espírito, que O capacitou para pregar o evangelho e realizar prodígios e milagres.
3.1 – Lc. 4: 18 (NVI) ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos’.

4. De acordo com as profecias bíblicas, o Messias (nome que procede do hebraico, correspondente em tudo ao termo grego Cristo, ou ‘ungido’) era o Servo de Deus por motivo de sua unção.

5. O judeu aguardava o aparecimento do Cristo, e muitos se intitularam como tal na história de Israel, especialmente no período interbíblico.

6. Jesus não era somente um dentre outros ‘cristos’ ou ‘ungidos’, mas é ‘o Cristo’, ‘o Messias’, profetizado no VT, a personagem longamente aguardada pela nação de Israel.

b – Quem eram os ‘ungidos’ no VT.

1. O termo ‘ungido’ (no hebraico, ‘Mashiah’ aparece 47 vezes no VT, majoritariamente em 1 e 2Samuel (19 vezes) e em Salmos (9 vezes).

2. Victor P. Hamilton afirma que, “mashiah é quase exclusivamente reservado como sinônimo de ‘rei’ (melek), como em textos poéticos, onde é paralelo de ‘rei’. São notáveis as frases ‘o ungido do SENHOR’ (mashiah YHWH) ou equivalentes, tal como ‘seu ungido’, as quais se referem a reis”.

3. Geerhardus Vos informa que ‘a palavra sempre é qualificada por um genitivo ou um sufixo ligado à ela: ‘o Messias de Yahweh’ (‘o Ungido do Senhor’), ou ‘meu Messias’ (‘meu Ungido’)’.

4. O ‘Ungido do Senhor’ era sempre o rei de Israel.
4.1 – No contexto da escolha de Saul como o primeiro rei de Israel, o profeta Samuel, em seu discurso de despedida, diz: “Eis-me aqui, testemunhai contra mim perante o SENHOR e perante o seu ungido: de quem tomei o boi? De quem tomei o jumento? A quem defraudei? E das mãos de quem aceitei suborno para encobrir com ele os meus olhos? E vo-lo restituirei [...] E ele lhes disse: O SENHOR é testemunha contra vós outros, e o seu ungido é, hoje, testemunha de que nada tendes achado nas minhas mãos. E o povo confirmou: Deus é testemunha" (1Sm. 12.3,5).
4.2 – 1Sm. 2.10Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido’.
4.3 – Por ocasião da unção de Davi como rei de Israel, Samuel imaginou que Eliabe fosse o ungido do Senhor.
a) 1Sm. 16.6Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido’.
4.4 – 2Sm. 22.51É ele quem dá vitórias ao seu rei e usa de benignidade para com o seu ungido, com Davi e sua posteridade, para sempre’.
4.5 – Outra passagem muito importante que atrela o conceito de ‘ungido do Senhor’ à figura do rei é 1Samuel 24.6: ‘O SENHOR me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR’. O ‘ungido do SENHOR’ a quem Davi se refere é o rei Saul.
4.6 – Fica claro, de forma indubitável, que a figura do ‘ungido do Senhor’ no VT era o rei de Israel, o rei-pastor, responsável pela condução e cuidado das ovelhas de Yahweh.

5. O ‘Ungido do Senhor’ também é aplicado no VT ao Sacerdote.
5.1 – No Pentateuco o termo ‘mashiah’ é usado para se referir ao ofício sacerdotal.
a) Moisés recebeu instruções para ungir, ordenar e consagrar Arão e seus filhos, de modo que eles pudessem ser reconhecidos, autorizados e qualificados para servir no sacerdócio.
b) Lv. 16.32Quem for ungido e consagrado para oficiar como sacerdote no lugar de seu pai se fará a expiação, havendo posto as vestes de linho, as vestes santas’.
c) Outras textos que falam dos sacerdotes como ‘ungidos’ são: Lv. 4.3,5,16; Lv. 6.20,22; Nm. 35.25.
d) Além disso, Êx. 29 traz em detalhes as prescrições divinas para a unção e consagração de Arão e seus filhos como sacerdotes.

6. O ‘Ungido do Senhor’ também é aplicado no VT ao Profeta.
6.1 – Os profetas eram considerados ungidos, como claramente inferimos das ordens de ‘não ‘tocar os ungidos de Deus’ e de não ‘maltratar seus profetas’ (Sl. 105.15 e 1Cr. 16.22 – paralelismo sintético).
6.2 – O Senhor mandar Elias ungir Eliseu (1Rs. 19.16).
6.3 – Além disso, a passagem de Is. 61.1-3 fala exatamente da unção de um profeta.

7. Conclui-se que no VT o termo ‘Christós’, era usado para os três ofícios de Profeta, Sacerdote e Rei.


II – ‘CRISTO’ DESIGNA O SOFRIMENTO DO SALVADOR.

a – Para cumprir a missão Jesus precisava ser Cristo.

1. Mesmo sendo Deus, Jesus, em sua encarnação, Se esvaziou de tal maneira, que tornou-Se um ser humano comum, e para cumprir Sua missão, teve que ser ungido pelo Espírito Santo.

2. Logo após Seu batismo, em Sua primeira oportunidade de falar em público na sinagoga que frequentava, Jesus leu uma profecia contida no Livro de Isaías
2.1 – Lc.4:18-19O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor’.

b – A missão do ‘Christós’ era a de ser Salvador.

1. As profecias sobre o ‘Servo Sofredor’ não foram compreendidas pelos judeus.

2. O Messias, como ‘Servo Sofredor’ e o ‘Filho do homem’ nem sempre fossem contemplados pelos judeus como o mesmo personagem.

3. Alguns judeus esperavam a vinda de dois ou três indivíduos que cumpririam essas profecias, com evidências encontradas na literatura dos essênios e que eles aguardavam três personagens que cumpririam as profecias messiânicas.

4. Jesus, todavia, enfeixou em sua pessoa todas as três ideias (Rei, Profeta e Sacerdote), sendo assim o cumprimento pessoal e completo das profecias relacionadas a todos esses títulos.

5. Cristo tornou-se uma expressão usada para descrever aquela pessoa que é vítima de maus tratos, de perseguições e zombaria. As locuções ‘bancar o cristo’ ou ‘ser o cristo’ são usadas para fazer referência àquele indivíduo que paga pelo erro do outro ou que sofre em lugar de outra pessoa.


III – ‘CRISTO’ DESIGNA O NOME DO SALVADOR.

a – Antes um designativo de função, agora um nome.

1. João Batista não nasceu com esse sobrenome, mas sim que seu nome era João.
1.1 – O apelido de Batista advém pelo fato de João ser o precursor do Messias e realizar o batismo de arrependimento, daí receber a alcunha ou apelido de ‘João, o Batizando’ (hó baptistês); ou numa tradução mais literal, ‘João, aquele que batiza’.
1.2 – Na cristandade incorporou-se o adjetivo ‘batizador’ como sobrenome e João passa a ser chamado de João Batista.

2. Com nosso Senhor Jesus Cristo se deu a mesma medida.
2.1 – Embora o nome Cristo seja realmente um adjetivo com o sentido de ‘ungido’, tomou-se nome próprio designativo do ‘Messias’ prometido.
2.2 – Inicialmente era dito ‘Jesus, o Cristo’.
2.3 – Incorpora-se o adjetivo ao nome e passa a ser chamado de ‘Jesus Cristo’.

3. O Catecismo Maior de Westminster, na pergunta 42, diz o seguinte sobre o nome atribuído ao Salvador: ‘O nosso Mediador foi chamado Cristo porque foi, acima de toda a medida, ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente revestido com toda a autoridade e poder para exercer as funções de profeta, sacerdote e rei da sua Igreja, tanto no estado de sua humilhação, como no da sua exaltação’.

4. A Confissão de Fé de Westminster, no capítulo sobre ‘Cristo, o Mediador’: ‘Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do mundo’.

5. Cristo, portanto, é um título dado ao Salvador, que caracteriza sua unção e capacitação pelo Espírito Santo de Deus para executar toda a obra da redenção e salvação do pecador.

b – A relação entre Cristo e os ‘pequenos cristos’.

1. O vocábulo ‘cristão’ é derivado de ‘Cristo’.
1.1 – O nome cristão, parece um superlativo (grande cristo)?
1.2 – Na verdade, na língua grega é um diminutivo (algo como ‘cristinho’, ou ‘pequeno Cristo’).

2. A mesma unção derramada pelo Espírito em Jesus, também capacita Seus seguidores a darem continuidade à Sua missão.
2.1 – A unção é o agir do Espírito Santo através dos seguidores de Jesus.
2.2 – Ele escolheu homens comuns para realizar feitos extraordinários.
2.3 – Com a chegada do Espírito da Promessa deflagrou-se uma revolução na história, revolução esta que se desenrola até hoje.
2.4 – Até as autoridades se admiravam ao ver homens galileus, indoutos, de origem humilde, fazendo verdadeiras proezas.
a) At. 4:13 (BV) ‘Quando o conselho viu a coragem de Pedro e João, e pôde ver que eles eram evidentemente homens simples e sem cultura, ficaram espantados e perceberam o que a convivência com Jesus havia feito neles!’.
2.5 – Sua identificação com Cristo era tão patente, que eles acabaram sendo chamados de ‘cristãos’ (‘pequenos cristos’).
2.6 – A unção que sobre eles permanecia, os capacitava a viver como se Jesus vivesse através deles.
2.7 – E não era apenas pelos milagres que operavam, mas pela maneira como viviam, como se perdoavam mutuamente, como se importavam uns com os outros e como amavam, até mesmo a seus inimigos.

3. ‘Unção’ não tem nada a ver com o sensacionalismo encontrado hoje em algumas Igrejas.
3.1 – Não se trata de sentir arrepios, emoções, ou mesmo, falar em línguas.
3.2 – Não tem a ver com a temperatura de um culto.
3.3 – Ser ungido é ser capacitado para fazer o que só Jesus seria capaz, não me refiro às coisas sobrenaturais, como curas e exorcismos, mas sobretudo às coisas sobre-humanas, como perdoar os inimigos, amar o opressor, vencer o pecado, por exemplo.

4. Todos os cristãos genuínos são ungidos, ainda que não estejam cientes disso.
4.1 – Não há graus de unção.
4.2 – Qualquer região de um corpo que sofrer um pequeno corte vai sangrar.
4.3 – Seja a ponta da orelha, ou o dedão do pé.
4.4 – Assim se dá com a unção, pois desde o pastor até o mais humilde membro da congregação, todos são ungidos para cumprir sua missão de ser luz no mundo.


CONCLUSÃO: Natal para você tem algo a ver com o Messias de Deus, ou ainda é apenas uma época festiva e carregada de um sentimento nobre de solidariedade?

A mensagem do Natal é esta: Nasceu o Cristo, aquele que seria capacitado pelo Deus Todo Poderoso, para realizar todos os atos salvíficos e redentivos a favor de uma parte da raça humana.

Renda-se ao Messias!

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