terça-feira, 21 de outubro de 2008

COMO PODE O CRISTÃO AMAR OS OPRIMIDOS?

Rm. 12.9-21


OBJETIVO: Ensinar que o cristão deve ser um imitador de Deus e que o amor verdadeiro deve fluir de nossa vida em todas as direções para com os que carecem de amor.

INTRODUÇÃO: ‘Falar é fácil, fazer é que são elas’

CONTEXTO: A Epístola aos Romanos é o mais profundo e detalhado compêndio de teologia retratado na Bíblia. Como faz em todas as cartas, a primeira parte é teórica e a segunda parte prática. Romanos poderia ser dividida da seguinte forma: 1-11 Teoria; 12-16 prática.

TRANSIÇÃO: Colocar em prática qualquer princípio exige certa dose de determinação e disciplina. O tema de nossa reflexão nesta ocasião é a pergunta: COMO PODE O CRISTÃO AMAR OS OPRIMIDOS?


I – O AMOR NÃO É APENAS UM SENTIMENTO.

a – Grande parte dos cristãos baseia sua vida nos sentimentos.

1. É muito comum encontrarmos cristãos em crise existencial com a própria fé ou a sua salvação.
a) Muitos cristãos baseiam a vida cristã apenas nos sentimentos e emoções alcançadas no momento de louvor no culto.
b) Tais cristãos sofrem na fé quando o sentimento e as emoções faltam.
• Não se arrepiaram durante o culto.
• Não sentem que estão salvos em contraste com o próprio pecado que aparece e acontece em sua vida.
• Um dissabor qualquer no relacionamento com outros e o sentimento de culpa sobressai.

2. É aqui que muitos cristãos desanimam da carreira da fé, porquanto o sentimento não está favorável devido a uma série de problemas que possivelmente foram se avolumando.

b – O Amor não é apenas um sentimento.

1. Os ensinos de Jesus e de toda a Escritura é que amemos como Ele nos amou.

2. Se o amor fosse o sentimento, jamais esse mandamento poderia ser praticado. Mas amor é ação positiva em direção a pessoa amada.

3. Ilustração: ‘Amai os vossos inimigos’ (Mt 5.44). A prática deste mandamento não implica em sentimentos, mas em ações positivas na direção daquele que se posiciona como inimigo.

4. Paulo dá a mesma receita neste texto onde se baseia nossa exposição.
a) Rm. 12.14 ‘Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem’.
b) Rm. 12.17 ‘Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos’.
c) Rm. 12.20 ‘Ao contrário: Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’.

5. O Amor como um mero sentimento traz decepção e amargura, mas quando encarado como atitude positiva abençoa quem ama e quem é amado.


II – O AMOR É CONDIÇÃO ÚNICA COMO CREDENCIAL DO CRISTÃO.

a – Amar é a credencial do Reino na vida do cristão.

1. O amor não é uma alternativa na vida do cristão. A partir dos princípios exarados nas Escrituras, cristão algum tem o direito de amar ou não amar.

2. Amar é ‘conditio sine qua non’ no caráter daquele que já experimentou o amor de Deus.
a) Rm. 5.5 ‘E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu’.
b) Rm. 12.9-10 ‘O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios’.

3. O cristão que está no processo de crescimento e amadurecimento desenvolve esse amor prático como qualidade da natureza divina nele implantada.

4. Então o amor se transforma em atitudes vai impulsionar o cristão na direção dos oprimidos à sua volta, e suas ações irão afetar a vida dos que carecem de ajuda.

b – Amar os oprimidos não se limita a ajudar pobres e indigentes.

1. Geralmente quando se fala em amar os oprimidos nos vêm à mente de figuras de pessoas em extrema pobreza e miséria.

2. Esse é o quadro típico, mas não é tudo.
a) A sua volta pode haver quadros de extrema pobreza e são de fato pessoas oprimidas que precisam de ajuda material.
b) Mas talvez, à sua volta pode haver pessoas oprimidas apenas na alma, enquanto que financeira e materialmente esta pessoa pode ter com sobra.
• Amar os oprimidos inclui também os oprimidos pelo diabo.
• Amar os oprimidos inclui também os oprimidos por problemas psicológicos que os afligem.
• Amar os oprimidos inclui também os que sofrem opressões dentro de casa com um casamento mau administrado, com pais que são dominadores, com irmãos que exploram os menores, etc...

3. O amor que se transforma em atitudes curativas e restauradoras de toda sorte de opressão é o que Deus espera que cada cristão vivencie, pois seu amor (Άγαπη) já foi derramado no coração de cada um deles quando nasceram de novo em Cristo.

4. Amor ao próximo sem incluir amor pela salvação do próximo é mero humanismo.


III – O AMOR ABRANGE A OBEDIÊNCIA PRÁTICA AOS MANDAMENTOS DO REINO DE DEUS.

a – O poder transformador do Evangelho está na obediência prática e não na fé morta.

1. O Evangelho não transformou mais o mundo porque para muitos o Evangelho é apenas uma mera teoria e religiosidade mística.

2. O Evangelho de fato é místico, pois estabelece um contato com o espiritual, com o sobrenatural, com o místico.

3. O Evangelho também é teórico, pois das verdades fundamentais do Evangelho se depreende diversos conceitos e enunciados para melhor compreensão teológica.

4. Mas o que manifesta o poder transformador do Evangelho de forma visível e mensurável, não só aos olhos do cristão, mas também do mundo ao redor é a prática do amor.
a) Jo. 13.34-35 (NVI) ‘Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros’.

b – Paulo oferece algumas atitudes práticas para o amor em ação.

1. Rm 12.9 ‘O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom’.
a) O apego ao bem é uma atitude e não um mero sentimento.

2. Rm. 12.10 ‘Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios’.
a) Preferir em honra aponta para a maneira como nos relacionamentos na prática uns com os outros.
b) Isto é uma atitude e não um mero sentimento.

3. Rm. 12.11 ‘Nunca lhes falte o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor’.
b) Fervor é um espírito em ebulição carregado de ações.
c) O fervor de espírito é uma atitude que te eleva em direção a Deus e te leva em direção ao amor prático e não um mero sentimento.

4. Rm. 12.12 ‘Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração’.
a) A tríade indispensável para um espírito fervoroso.
• Alegria na esperança.
• Paciência na tribulação.
• Perseverança na oração.
b) ‘As maiores Igrejas do mundo, não tem apenas um sistema de Células onde todos podem participar da vida em comunidade, elas também são conhecidas por sua oração’ .

5. Rm. 12.13 ‘Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade’.
a) Compartilhar necessidades implica em ações de socorro e prestação de ajuda, material, emocional ou espiritual.
b) Praticar hospitalidade implica em abrir as portas de sua casa ou abrir seu bolso e oferecer condições de abrigo descente para quem está de passagem e precisando de sua ajuda.

6. Rm. 12.14 ‘Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem, e não os amaldiçoem’.
a) Abençoar pode ir muito além de uma palavra distante e muitas vezes vazia e mero clichê evangélico. Qual é o tipo de bênção que a pessoa está precisando no momento?
b) Amaldiçoar também pode ser visto da mesma forma. O sábio Salomão ensina em Provérbios que ‘se você sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisto está pecando’.

7. Rm. 12.15 ‘Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram’.
a) Alegria pode se manifestar em um sentimento, porém também em atitudes e ações.
b) Chorar pode muitas vezes se dar sem o gotejar de uma única lágrima, mas em ações que consolam quem está em pranto.

8. Rm. 12.16 ‘Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos’.
a) O orgulho e ufania podem ser sentimentos, mas não ficam apenas no coração, porém se transformam em ações que diminuem o próximo.
b) ‘Ter o mesmo sentimento’ é algo prático como valorização e condescendência e se tornam em atitudes que ajudam o oprimido a se levantar de sua condição de baixa auto-estima e encarar a vida de frente.

9. Rm. 12.17 ‘Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos’.
a) Paulo fala de ‘esforçai-vos por fazer o bem’ (ARA); e nisto não pode estar presente o mero sentimento, mas o princípio está carregado de ações práticas.

10. Rm. 12.18 ‘Façam todo o possível para viver em paz com todos’.
a) Ter paz é mais que o clichê da Miss Universo: ‘Desejo a paz mundial sobre todos os habitantes do planeta’.
b) O apóstolo usa um advérbio de intensidade e não de tempo: ‘quanto’ e não ‘quando’.
c) Significa que você tem que se empenhar em ações para fazer a paz com todos.

11. Rm. 12.19 ‘Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: Minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor’.
a) Há circunstâncias que exigirão a retenção de uma possível ação negativa e em contrapartida deixar tudo nas mãos do Justo e Poderoso Deus, para que Ele tome a vingança e retribua com justiça o mal sofrido pelo fiel.

12. Rm. 12.20 ‘Ao contrário: Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’.
a) É uma outra contrapartida do ensino de Jesus de ‘amar o próprio inimigo’.
b) Havia um ritual egípcio onde um indivíduo para demonstração de seu arrependimento carregava na cabeça uma bacia cheia de carvão em brasas.
c) Tratar a quem te fere com bondade irá fazer sua consciência queimar e envergonhar-se do mau trato.

13. Rm. 12.21 ‘Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem’.
a) Quando o cristão ama através de atos e atitudes sinceras em obediência aos princípios do Reino, até quem é inimigo se torna amigo.
b) Assim é que se vence o mal com o bem.


CONCLUSÃO: Como pode o cristão amar o oprimido? Esta é nossa pergunta temática de hoje. A resposta é simples: ‘Amor em ação’.

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