segunda-feira, 4 de abril de 2011

A IGREJA FORA DO PORTÃO

Hb. 13.10-17


OBJETIVO: Ensinar que a vida da Igreja não é limitada aos encontros no aprisco, mas se dá lá fora no contato com o mundo.

INTRODUÇÃO: A tarefa evangelística da Igreja é uma tarefa inacabada e assim sempre será. Sempre terá, até o último dia da história da humanidade, pessoas a serem evangelizadas e alcançadas com o Evangelho.

CONTEXTO: O escritor claramente contrasta o estado em que seus leitores se encontram com o estado em que estavam anteriormente, com o em que deveriam estar, demonstrando que os crentes eram indolentes (Hb 5.11-6.12) e desanimados (Hb 12.3-12).
Haviam perdido seu entusiasmo inicial pela fé (Hb 3.6,14; Hb 4.14; Hb 10.23,35).
Haviam deixado de crescer, ou melhor, de progredir, e sofriam de séria deficiência no que tange à compreensão e ao discernimento espirituais (Hb 5.12-14). Estavam deixando de frequentar as reuniões cristãs (Hb 10.25) e de ser ativamente leais aos seus líderes cristãos (Hb. 13.17).
Necessitavam ser novamente exortados a imitar a fé daqueles que os tinham precedido na viagem para a glória (Hb 13.7).
Estavam correndo o risco de se tornarem meramente religiosos como os outros hebreus que permaneceram no judaísmo.

TRANSIÇÃO: Há uma doença de cunho relacional no meio evangélico, e muitas vezes se origina numa teologia doente e egoísta.
Esta disfunção é batizada pelo nome de ‘Koinonite’, e quem a desenvolve tende a ter uma visão embotada e voltada apenas para a vida da Igreja presa num templo.
Pensando nisso, quero com partilhar nesta oportunidade sobre o tema: A IGREJA FORA DO PORTÃO.

I – NOSSO MODELO ESTÁ DO LADO DE FORA.

a – Jesus viveu do lado de fora.

1. A vida de Jesus não se enquadrou dentro dos muros da religião judaica dos seus dias.

2. Quando olhamos para a vida de Jesus fica bem claro que sua trajetória transcorreu em sua maior parte fora do portão.

3. Pode-se ver Jesus do lado de fora, quando:
3.1 – Dorme ao relento (Mt 8:18-20).
3.2 – Convoca seus discípulos na praia (Mt 4:18-22).
3.3 – Nas esquinas (Lucas 19:1-10).
3.4 – Com os Cobradores de Impostos (Mt 9:9).
3.5 – Ele faz discípulos em banquetes (Lc 5:29).
3.6 – O primeiro milagre se dá num casamento (Jo 2:1-12).
3.7 – Ele tanto visita sinagogas quanto cemitérios (Jo 8:38).

4. Jesus transita do lado de fora, no mundo secular, com uma facilidade com uma leveza e com uma liberdade enorme.

5. Quando Jesus começa a se aproximar do lado de dentro do portão da religião começam as controvérsias, começam as grandes polemicas.
5.1 – É do lado de dentro do portão de Jerusalém que Ele é questionado pelos fariseus.
5.2 – É do lado de dentro que surgem as grandes questões de onde vem autoridade, se emana de Deus, do Estado ou de Cezar (Mt 22).
5.3 – É dentro do portão que começam as grandes polêmicas a respeito do comportamento de Jesus, quando Ele fere alguns costumes religiosos instituídos.

6. Jesus não cabe dentro da religião, por isso eles o mataram, mas Ele também não cabe dentro da tumba por isso ressuscita.

7. O escritor de Hebreus escreve esta carta para o povo que estava querendo voltar-se para dentro do portão.
7.1 – Voltar para essa religião de ‘dentro do portão’ é abandonar o caminho da graça.
7.2 – Querer ficar ‘dentro do portão’ é esquecer o modelo e se apegar apenas ao esquema da religião.
7.3 – Fomos chamados para viver do lado de fora do portão.
7.4 – O Senhor nos convida a vivermos nossa fé do lado de fora do portão, do lado de fora da instituição, do lado de fora da redoma da religiosa.

b – Jesus se ofereceu em nosso resgate do lado de fora.

1. O ritual religioso judaico instituído por Deus nos dias de Moisés estabelecia que a oferta pelo pecado fosse queimada fora do arraial dos israelitas.
1.1 – Lv. 16.27 ‘O no¬vilho e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido ao Lugar Santíssimo para fazer propiciação, serão levados para fora do acampa¬mento; o couro, a carne e o excremento deles serão queimados com fogo’.

2. Como o próprio autor aos Hebreus ensina, todos os tipos do culto judaico eram sombras do que deveria acontecer com Cristo.
2.1 – Hb. 8.5 ‘os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes ...’.
2.2 – Hb. 10.1 ‘Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas ...’.

3. Assim os sacrifícios dos cordeiros, bodes e novilhos eram sombras ou tipos do verdadeiro sacrifício oferecido por Jesus.
3.1 – Assim como o sacrifício da expiação deveria ser oferecido e queimado fora do arraial dos israelitas, assim também Cristo morreu fora dos portões de Jerusalém.
3.2 – Assim como Cristo se ofereceu do lado de fora dos muros da religião instituída, a Igreja, o seu povo, também precisa aprender que sua vida como povo de Deus tem algo a ver com ‘o lado de fora’.

II – O LUGAR DA IGREJA É DO LADO DE FORA
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a – A vida cristã se vive do lado de fora.

1. Viver dentro do portão é viver nessa Jerusalém religiosa, dentro do arraial da religiosidade.

2. Temos a vida cristã ‘intra-muros’, ou seja dentro dos limites do Templo; contudo a vida cristã se vive na experiência ‘extra-muros’, isto é, fora do Templo, no contato com o mundo.

3. Para muitos cristãos, o encontro com Jesus se dá apenas no contato do culto; mas Jesus não pode ser encontrado somente dentro do templo.

4. Você deve ir para o lado de fora do portão, para encontrar com Jesus na rua, na esquina, na vida, no trabalho, nas suas atitudes, no vai e vem, na relação com os pagãos, com os ‘com Deus’ e com os ‘sem Deus’.

5. A vida na Igreja é de busca da unidade do Corpo, do conhecimento da Palavra, do crescimento espiritual, mas nosso encontro com Jesus deve ocorrer em todo lugar.

b – O ministério da Igreja é do lado de fora.

1. O escritor da carta aos Hebreus, inspirado pelo Espírito Santo diz que as coisas que acontecem ‘do lado de dentro’ só fazem sentido se forem legitimadas, validadas, autenticada ‘do lado de fora’.

2. Isso quer dizer que o altar de dentro só tem valor se o sacrifício (culto) aqui oferecido tiver continuidade do lado de fora.
2.1 – Não adianta vir cantar e adorar a Deus no culto se você foi desonesto no trabalho.
2.2 – Não adianta vir a Ceia do Senhor se em casa as relações está um inferno.

3. O sacrifício de louvor e adoração a Deus dentro do portão, só tem sentido se estiver sendo oferecido do lado de fora.

4. Tem muita gente pensando que a fé cristã se limita a essas manifestações que se faz ‘do lado de dentro’, quando se bate palmas, quando se dá um sorriso ao irmão do lado, quando se celebra dentro do culto.

5. Ilustração: Alguns dirigentes de adoração dizem: ‘Vamos começar o louvor’.
5.1 – O louvor já começou em sua vida quando aconteceu sua conversão.
5.2 – Teoricamente o louvor é vida, por isso não começa, por que não termina.
5.3 – Em outras palavras: ‘Se não há culto, não há vida; e se não há vida, não há culto’.

c – O resgate e a salvação de outros se dá do lado de fora.

1. Por mais que possamos usar nossos cultos para falar de Jesus e comunicar a salvação, precisamos entender que o lugar da evangelização não é aqui dentro.

2. Ilustração: Robert Lye ‘O lugar da Igreja é nas trevas’.

3. Não se pode transferir a responsabilidade pessoal do evangelismo com aqueles que estão ao seu alcance para as cercanias da Igreja como instituição.

4. Ilustração: No ano 748 a.C. Isaías entrou no Templo e foi confrontado com a visão da glória de Deus e com a visão da missão que tinha diante dele.
4.1 – ‘Quem há de ir por nós?’.
4.2 – ‘E eu não disse nada’.
4.3 – ‘Eis-me aqui, envia-me a mim’.
4.4 – Era do lado de fora do Templo que estava sua missão.

5. Muitos cristãos pensam e muitos outros até falam abertamente apontando e transferindo a responsabilidade da evangelização para os Líderes pagos.

6. Os Líderes pagos, nossos guias, são pagos para serem os professores de Bíblia na vida da Igreja e incentivar cada cristão a cumprir a tarefa.
6.1 – Hb. 13.17 ‘Obedeçam aos seus líderes espirituais e estejam prontos a fazer o que eles disserem. Porque o trabalho deles é velar sobre as almas de vocês, e Deus julgará se eles fazem isto bem. Deem-lhes motivo para prestarem contas de vocês ao Senhor com alegria, e não com tristeza, pois neste caso vocês também sofrerão com isto’.

7. Nossos guias fazem o trabalho gemendo porque lhes somos pesados ou os ajudamos a carregar as cargas?


CONCLUSÃO
: Esteja sempre no aprisco para ser alimentado e fortalecido na Palavra e na comunhão com os irmãos, mas lembre-se de que cada cristão individualmente e a Igreja em sua coletividade cumpre seu papel é fora do portão, em contato com o mundo.

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